Jovens activistas em Luanda marcham na quinta-feira pelas ruas da capital angolana para “protestar e exigir alternância política” em Angola, considerando que os 45 anos de governação do MPLA, no poder desde 1975, “é muito”, foi hoje anunciado. Será que, como o MPLA diz que aconteceu na Lunda, vão munidos “de armas-de-fogo do tipo AKM, caçadeiras, ferros, paus e outras armas brancas, bem como pequenos engenhos explosivos artesanais”?
Os propósitos e motivações desta marcha, que deve culminar a 100 metros do Palácio Presidencial, foram apresentados hoje em conferência de imprensa, em Luanda, por um grupo de jovens activistas da denominada Sociedade Civil Contestatária.
“45 anos é muito, MPLA fora” é o lema desta manifestação agendada para 4 de Fevereiro, feriado nacional em Angola, em celebração do 60º aniversário do Dia do Início da Luta de Libertação Nacional.
“Entendemos que 45 anos de governação é muito tempo e, ao longo desse tempo, o MPLA quase nada fez, antes pelo contrário, piorou, com várias assimetrias sociais, brindou o povo com assassínios em série, com desemprego, com uma saúde e educação deficitárias, com a corrupção e outros males”, afirmou hoje o activista e um dos organizadores da marcha, Geraldo Dala.
Segundo este activista, o MPLA (proprietário de Angola por compra, em 1975, aPortugal) “já não tem nada para dar para o país”, considerando ser este “um projecto político falhado em Angola cujo propósito dos seus dirigentes é apenas a manutenção no poder”.
Geraldo Dala disse ser esta a segunda manifestação que o movimento organiza visando “despertar os angolanos” e, por outro lado, “mostrar que o povo quer alternância política”, referindo que a mesma deve decorrer igualmente noutras províncias angolanas.
Os activistas devem concentrar-se às 10:00 de quinta-feira, no largo do cemitério da Santa Ana, e marchar até perto do, sagrado, intocável e monumento histórico (do MPLA) Palácio Presidencial, na Cidade Alta, em Luanda.
De acordo com o activista, o governo da província de Luanda já foi informado sobre esta marcha e a organização já manifestou um encontro, há duas semanas, com as autoridades policiais.
“E pelo menos até ao momento não há nenhum impedimento”, realçou, defendendo que é preciso salvar o país das mãos de pessoas cujo único objectivo é a manutenção no poder e sem interesse no bem-estar da população”, disse.
À margem da conferência de imprensa, a activista Lili da Conceição garantiu, em declarações à Lusa, estar pronta para a manifestação, afirmando que “Angola é um país democrático e os cidadãos/activistas apenas querem o melhor para o país”.
“Somos jovens formados e desempregados, o aumento do nível de preços também é preocupante, o país está a ir de mal para o pior e ninguém faz nada”, disse.
O acto central do feriado nacional em Angola, 4 de Fevereiro, vai decorrer na província do Bengo sob o lema: “Preservar e Honrar a Memória dos Heróis da Pátria Angolana”.
De acordo com o Governo, a celebração do 60º aniversário do “Dia do Início da Luta Armada de Libertação Nacional” acontece num momento de grandes desafios que testam a resistência dos angolanos. O principal destes desafios é, justamente, controlar, no país o avanço e os efeitos da pandemia da Covid-19 que à escala global vem impondo restrições, alterando o estilo de vida das sociedades civilizadas, dilacerando sistemas económicos com a mesma tenacidade em que teima em ceifar vidas humanas.
“Desde cedo, o Executivo angolano tomou um conjunto de medidas para proteger a população e salvar o maior número possível de vidas. É um desafio difícil ao qual sucumbem, dia após dia, nações mais desenvolvidas. Mas há a consciência generalizada de que, com o mesmo espírito dos Heróis do 4 de Fevereiro, certamente chegará o momento em que poderemos assumir publicamente, a vitória sobre o coronavírus, bem como os seus efeitos colaterais”, afirma o Governo.
Outros desafios enfrentados por Angola, diz o Governo, prendem-se, nomeadamente, “com a consolidação das bases para o desenvolvimento económico, mediante uma política que privilegia a diversificação da economia e a aposta forte na auto-suficiência alimentar, além do desenvolvimento de múltiplos programas de assistência social tendentes a reduzir a pobreza e a reforçar os pilares do desenvolvimento local”.
As celebrações do 4 de Fevereiro – “Dia do Início da Luta Armada de Libertação Nacional”, visam – de acordo com o MPLA – os seguintes objectivos:
«a) Destacar o exemplo dos Heróis do 4 de Fevereiro para as novas gerações, motivando-as a participar de forma activa, no processo de criação de condições para melhoria da vida da população e para que se atinjam níveis de desenvolvimento que permitam instaurar o bem-estar de todos e consolidar o Estado Democrático e de Direito;
b) Recordar a importância da data, sensibilizar e mobilizar todas as forças vivas na Nação para o seu empenhamento activo nas tarefas que visam a consolidação da paz, a reconciliação nacional e a reconstrução do País, em todas as suas vertentes;
c) Reverenciar as personalidades ligadas ao 4 de Fevereiro de 1961 e fortalecer em cada angolano o sentimento patriótico».
Folha 8 com Lusa